Otimismo com a safra do figo

Clima vem colaborando com a produção que deve chegar a 400
toneladas em Nova Petrópolis, principal produtora da fruta na região

 

Camila Baggio

Boas expectativas de produção e de venda. Assim está sendo considerada a safra do figo deste ano na Serra Gaúcha, incluindo a propriedade do agricultor Clóvis Thiele, 40 anos. Os três hectares de figueiras localizadas na Linha Gonçalves Dias, em Nova Petrópolis, já estão produzindo figos para a venda, tanto para a indústria como in natura. Com o aumento no preço por quilo e a colaboração do tempo, a safra é otimista para os produtores da região, que tiveram 20% a mais no preço da fruta. “Estamos esperando uma safra tranquila e positiva. Temos um clima que até agora colaborou e a fruta foi valorizada com melhores preços. É um incentivo para investir nessa cultura”, conta Thiele, que estima colher mais de 15 toneladas.
Além do figo, Thiele e a esposa Roseli trabalham com milho, leite e serviço terceirizado de máquinas. Mas até março as forças serão concentradas na colheita do figo. Das 15 toneladas que devem ser colhidas, 80% são vendidas para a indústria e os 20% restantes in natura. A família produz ainda cerca de 400 quilos de doce de figo. A venda é em casa mesmo para aqueles clientes que já conhecem a produção. “Todos os anos temos as mesmas pessoas que nos procuram para comprar a fruta e a geleia. Assim conseguimos agregar valor ao nosso produto e vender com um preço superior ao da indústria”, explica Roseli.
A safra para a família Thiele deve durar em média seis semanas. Para a colheita eles contam com a ajuda de dois funcionários. A principal variedade cultivada é a Negrito. “Esperamos uma boa produção este ano. Como parte da área plantada veio de meu avô e meu pai, aos poucos estou renovando as plantas e organizando a área plantada de maneira com que possam ser utilizados maquinários para trabalhar. Assim qualificamos nossa produção e facilitamos todo o trabalho”, planeja Thiele que, embora sempre tivesse residido no interior traz a experiência de ter trabalhado por muitos anos como técnico agrícola. A produção da família é vendida para a Cooperativa Piá, assim como mais de 80% da produção de todo o município de Nova Petrópolis.

 

Figo como tradição

Nova Petrópolis tem na sua história a cultura do figo. De acordo com o engenheiro agrônomo do escritório da Emater da cidade, Luciano Ilha, o cenário geral da cultura no município é de estável para otimista especialmente em função do aumento da demanda da indústria, como da Cooperativa Piá, que inaugurou uma nova planta industrial onde se prevê um grande aumento na necessidade de algumas matérias-primas e o figo é uma das principais. “Por isso os preços também estão estáveis. A cooperativa tem a demanda de um grande volume, e por ser muito perecível, o figo é uma cultura difícil de ser vendida in natura, o grande volume vai para a indústria, que felizmente aumentou os preços neste ano”, explica Ilha. Neste ano o preço médio do quilo do figo gira em torno de R$ 1,02, isto é, 20% a mais que a safra do ano passado, que foi de R$ 0,85. “O aumento no preço é considerado um bônus de qualidade na busca por frutas melhores”, acrescenta o engenheiro.
Em comparação com o ano passado, quando os produtores enfrentaram problemas com o clima, neste ano a produção deve apresentar números um pouco superiores. Em Nova Petrópolis a estimativa de safra é de 400 toneladas. “Este está sendo considerado um ano de médio para bom. O andamento da maturação das frutas é considerado normal, sem antecipação ou atraso da colheita, que deve ter seu pico em torno do dia 15 de fevereiro. A fruta deve ser de qualidade”, explica Ilha.
O figo é uma fruta difícil de manter sã depois de colhida, por isso grande parte da produção é destinada para a indústria, embora o preço médio da venda in natura seja maior e o valor oscile durante a safra. “É normal termos um valor um pouco menor em plena safra e depois termos valores mais altos. O preço in natura pode variar até de R$ 4 ao quilo, dependendo da embalagem e o local de venda. O problema é que o volume que se consegue vender in natura não é muito grande, pois a fruta estraga muito rápido”, acrescenta o engenheiro. Na época da colheita a chuva é uma das principais preocupações do produtor. O excesso pode dar prejuízos na perda de frutas.

 

Clóvis Thiele cultiva 3 hectares de figueiras na Linha Gonçalves Dias, em Nova Petrópolis.
Clóvis Thiele cultiva 3 hectares de figueiras na Linha Gonçalves Dias, em Nova Petrópolis.

 

Produtores estão investindo

O engenheiro Luciano Ilha destaca que o figo é uma fruta considerada boa para se investir, especialmente

Agrônomo Luciano Ilha.
Agrônomo Luciano Ilha.

na região de Nova Petrópolis, muito em função da garantia comercial que a Cooperativa Piá oferece para o ‘grosso’ da produção. “A cultura do figo é relativamente fácil, mas exige muita mão de obra, esta por sua vez, assim como em outras culturas, tem sido um gargalo. Mas a garantia da compra desse volume, com preços já pré-definidos dá um conforto de uma renda base. E o produtor, à medida que consegue fazer um produto de melhor qualidade, direcionando uma pequena parcela da produção para um mercado que remunera melhor, como o in natura, ou em pequenas agroindústrias com frutas selecionadas, consegue ir aumentando seu preço médio”, enfatiza Ilha.
Nova Petrópolis conta com aproximadamente 67 pequenos produtores, em uma área plantada de 42 hectares e uma produção estimada em 400 toneladas por ano. Deste volume, a Emater estima que 80% seja vendida para a Cooperativa Piá. Os outros 20% da produção é a fruta in natura. Conforme o Censo de 2011, a Serra Gaúcha tem 171 hectares de figo cultivados, sendo que os maiores produtores são Nova Petrópolis, Gramado e Caxias do Sul.

Uma cultura resiste a doenças

O figo é uma cultura bastante simples na questão de pragas e doenças. A doença mais comum é a ferrugem, que é favorecida pelo calor e umidade, mas que possui tratamento simples, com fungicidas – alguns à base cobre, e que os produtores já são orientados no tratamento. “O figo não tem muitos problemas com pragas, a questão que deixa os produtores preocupados é a umidade. A maioria das lavouras não é irrigada e o figo é bastante sensível a falta de água, então é na escassez de chuva que acontecem os maiores prejuízos. A segunda preocupação é no momento da colheita, onde sim são necessários períodos secos, sem chuvas. Quando existe o excesso de chuva nesta época se perdem muitas frutas maduras”, explica o agrônomo Luciano Ilha.
Embora simples de cultivar, o figo exige muito cuidado na colheita e destinação das frutas. Muitas cidades como Pelotas, Vale do Caí e Bom Princípio possuem o comércio do figo verde para a indústria, manejo que ainda não chegou na Serra Gaúcha. “O produtor deve ter todos os cuidados, se não a fruta apodrece na mão dele. O comércio do figo verde facilita a colheita, mas não é tradição na nossa região”, complementa Ilha.

 

Regiões Alta e Baixa
O Rio Grande do Sul conta com dois principais eixos na produção do figo. As chamadas regiões Alta e Baixa. A região de Nova Petrópolis pertence a chamada região Alta, que conta com características diferentes da região Baixa, que inclui Feliz e outros municípios. As diferenças estão principalmente no clima. Por isso são plantadas variedades diferentes e o manejo muda, especialmente na poda e nos aspectos da planta. As figueiras da região Alta são praticamente sem poda, tornando-se plantas mais grandes. Na região Baixa, que é mais quente, as plantas são mais baixas e com uma poda mais rigorosa.

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Respostas de 6

  1. Ola. Sou pequeno produtor rural,e tenho interesse em investir na cultura de figo, gostaria de receber mais informações sobre o mercado de compra do produto.

  2. Olá sei que essa publicação não é recente , mas talvez vocês posam me ajudar, sou produtora rural e estou com uma agroindústria quase pronta e tenho um quiosque de produtos coloniais na beira da faixa, nosso carro chefe sempre foi a figada feita com figos maduros ,sou do centro sul do RS e aqui esse ano uma geada forte em setembro arruinou a brotação das nossas figueiras estamos sem a fruta então achei que vocês pudessem me ajudar indicando um lugar onde eu possa comprar uma grande quantidade de figos maduros, se puderem me ajudar dá de já agradeço

  3. Tenho uma pequena propriedade no município de Mariana Pimentel e estou pensando em começar a cultura de figos, então gostaria de receber maiores informações.
    Att, Clenir

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